sábado, 7 de março de 2009

O olho do dragão...


Parecia um dia como outro qualquer, mas ao mesmo tempo era um dia sem igual.

Prodigal, antes de seguir em frente, lembrando-se dos ensinamentos de seu senhor, Lord Drago, pegou o Livro do Destino arremessando ao ar os sete dados, e o resultado caído ao chão remeteu sua leitura à outra curiosa citação latina:

- Transvolat in medio posita, et fugientia captat. [Horácio, Sermones 1.1.108] (Deixa para trás o que está no seu caminho e persegue o que lhe foge.)

De posse da espada do cavaleiro do dragão, pela primeira vez percebeu que entre a lâmina e o punho da mesma havia uma pequena bola de cristal, e naquele instante, como um relâmpago, lembrou-se do estranho ritual que seu senhor fazia a cada viagem, virando a espada ao contrário, na forma de uma cruz, e colocando a testa próxima aquele local. Recordou-se ainda que Lord Drago lhe dissera um dia que toda vez que o cavaleiro estivesse em dúvida sobre o caminho a seguir, deveria dar razão ao “olho do dragão”.

Naquele dia, Prodigal que era tão-somente a sombra fiel do cavaleiro do dragão, não entendera nada do que seu amo lhe falava. Agora, como que iluminado pelo relâmpago interior, o jovem repetiu o gesto do homem que lhe dera abrigo e proteção.

Quando o menino do lago, agora travestido de cavaleiro do dragão, espiou no interior da pequena e azulada bola de cristal da espada de seu Senhor, viu que por entre as centenas de árvores do Bosque Sem Fim à sua frente, uma pequena passagem secreta estava iluminada por uma misteriosa luz.